O estudo quase-longitudinal: exposição à violência e representações socialmente compartilhadas e atitudes em relação à justiça, punição e direitos humanos

O desempenho das instituições encarregadas de aplicar as leis tem impacto sobre o apoio do público ao Estado de Direito e nas crenças na eficácia da lei como instância que inibe o uso da violência. Este subprojeto tem como objetivo medir as reações à impunidade por parte da população.

Esta série de surveys, regularmente aplicada pelo Núcleo de Estudos da Violência, sede do INCT, desde 2001 para residentes do Município de São Paulo, nos permite responder a questões sobre os obstáculos existentes para o desenvolvimento de uma cultura de direitos humanos, assim como permite explorar o papel que o medo e a insegurança exercem na resistência ao acesso universal aos direitos humanos. Neste projeto, o foco é o papel que a exposição à violência (vitimização) exerce na construção de representações socialmente compartilhadas, atitudes e valores sobre justiça, punição e direitos humanos; como tal exposição afeta a percepção sobre o bairro onde moram e os serviços públicos disponíveis – em particular a qualidade de suas experiências com as agências de aplicação da lei e as expectativas que nutrem sobre possíveis experiências futuras com essas mesmas agências; os efeitos da vitimização no capital social e nos padrões de civilidade dentro da própria comunidade, também serão abordados, assim como na aceitação do uso da violência como método legítimo de resolução de conflito e para disciplinar crianças. Uma vez que os jovens constituem o grupo de idade mais vitimado, e também o grupo que tem pior experiência com agências de aplicação da lei, parte da pesquisa explorará seus valores e expectativas de futuro, assim como a experiência de seus pares enquanto vitimas de violência.

O tema da impunidade, especificamente como a população concebe a impunidade, será explorado neste survey. Nesta nova onda do survey buscaremos analisar como a população interpreta a queda nos índices de homicídio, um sucesso que é amplamente disseminado. Em particular, buscaremos explorar as causas que ela atribui a esta queda e o seu impacto no sentimento de segurança. O survey será replicado nas cidades onde estão localizadas nossas instituições parceiras: Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza, assim como em Belo Horizonte, Cuiabá, Belém, Recife, Vitória e Manaus, cidades que tem apresentado altas taxas de homicídios. Todos os dados serão compartilhados pelos parceiros e contribuirão para seus projetos específicos.

Ficha Técnica

Realizada entre: 2008 - 2013
Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifíco (CNPq)
Coordenadores: Nancy Cardia
Equipe: Ariadne Natal
Frederico Castelo Branco Teixeira
Renato Alves
Viviane Cubas
Pesquisadores: Denise Carvalho dos Santos Rodrigues
Moisés Baptista
Rafael Cinoto