A “war on science?” Far-right movements and the disputesover epistemic authority in Brazil

Daniel Edler Duarte, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), escreveu em coautoria com Pedro Benetti, pesquisador associado ao Núcleo, e Marcos César Alvarez, coordenador do NEV/USP, o artigo em inglês “A ‘war on science?’ Far-right movements and the disputesover epistemic authority in Brazil” (Uma “guerra à ciência?” Os movimentos de extrema-direita e as disputas sobre autoridade epistémica no Brasil) para a revista internacional Tapuya: Latin American Science, Technology and Society, em seu volume 7, lançado em 16 de maio de 2024. Veja mais informações a seguir:

Resumo |

Pesquisas recentes sobre a política da pós-verdade costumam descrever uma guerra na qual populistas anti-ciência atacam cientistas supostamente guiados puramente pela razão. No Brasil, país no qual o então presidente Jair Bolsonaro foi acusado de promover tratamentos alternativos durante a pandemia de Covid-19, essa literatura crítica se disseminou. Nesse contexto, Bolsonaro foi considerado responsável por substituir evidências científicas sólidas por pressupostos religiosos ou ideológicos, o que teria provocado inúmeras mortes. Neste artigo, investigamos as controvérsias públicas em torno da cloroquina (HCQ) e indicamos que as políticas de Bolsonaro não se basearam exatamente em discursos contra a ciência, como a literatura sobre pós-verdade costuma apontar. Ao contrário, Bolsonaro invocou os símbolos da ciência moderna e afirmou ter os verdadeiros cientistas e especialistas ao seu lado. Portanto, apontamos que, se queremos compreender o desafio representado por populistas de extrema direita às instituições científicas, devemos adotar instrumentos de análise que nos ajudem a complexificar as simples demarcações de fatos e perspectivas binárias sobre a distinção ciência/anti-ciência.