Envie até 10 de março resumo para GTs da SBS 2025 coordenados por integrantes do NEV/USP
12/02/2025
O 22º Congresso Brasileiro de Sociologia, organizado pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) acontecerá na Universidade de São Paulo, em julho de 2025. A chamada para envio de resumos está aberta até 10 de março. O evento conta com cinco GTs coordenados por pesquisadores do NEV/USP.
Temas dos GTs Coordenado por pesquisador/a do NEV/USP:
GT16:Sociologia da punição: entre teoria social e abordagens empíricas
Coordenação: Marcos César Alvarez (USP), Luiz Claudio Lourenço (UFBA), Lucas e Silva Batista Pilau (USP)
Descrição: Esta proposta tem por objetivo reunir reflexões teóricas e pesquisas empíricas realizadas nos campos das Ciências Sociais sobre os fenômenos que permeiam a punição na contemporaneidade. Esse tema, que tem mobilizado historicamente o debate público brasileiro, vem ganhando novos contornos diante dos desafios contemporâneos ligados ao constante crescimento nas taxas de encarceramento, às novas dinâmicas criminais e faccionais e à força crescente dos discursos contrários aos Direitos Humanos no âmbito parlamentar. Transformações recentes na cultura do controle e nas relações entre violência e Democracia demandam o aprofundamento das reflexões desenvolvidas pelo campo de estudos da sociologia da punição, tanto aquelas que visam novos olhares para a teoria social, quanto as que apresentam abordagens empíricas. Assim, este GT busca promover o diálogo entre pesquisadores/as que desenvolvam trabalhos inovadores na área, seja do ponto de vista teórico, metodológico ou empírico.
GT02 – Comunicação Política: perspectivas sociológicas
Coordenadores: Raul Nunes de Oliveira (UFF), Natasha Bachini Pereira (USP), Victor Rabello Piaia (FGV Comunicação Rio)
O campo da Comunicação Política ganhou proeminência diante dos processos de midiatização. Essencialmente interdisciplinar, no Brasil o campo tem sido estruturado por pesquisadores da Comunicação e da Ciência Política. A Sociologia, que também estuda processos comunicacionais e políticos, fica à margem do debate, sem espaço específico para pensar a temática, muitas vezes diluída em subáreas afins. Esse GT almeja abrir um canal de diálogo sobre a comunicação política desde um ponto de vista sociológico, levando em conta as transformações da política em contextos comunicacionais cambiantes. São esperados trabalhos que versem sobre a utilização da comunicação em campanhas eleitorais, participação online, governo digital, midiativismo, ciberativismo, ação conectiva, opinião pública, desinformação e discurso de ódio, representações da política na mídia, caracterização comunicacional das disputas políticas (como populismo e polarização) e economia política da mídia e das plataformas digitais.
GT24:Violência de Gênero: vítimas, agressores e estratégias de prevenção
Coordenação: Maira Covre Sussai (UERJ), Isadora Vianna Sento-Sé (EMERJ e UERJ), Fernanda Novaes Cruz (NEV-USP)
Descrição: Nas últimas décadas novas legislações foram introduzidas para prevenir a violência de gênero em diversos países, enquanto criou-se uma série de programas de prevenção e campanhas de conscientização. O objetivo desse processo foi converter a violência de gênero de uma questão privada para uma questão pública, de modo que toda a sociedade e grandes órgãos assumam sua responsabilidade em preveni-la. Apesar disso, os níveis de violência de gênero permanecem altos em todo o mundo e pouco é conhecido sobre o perfil das vítimas e agressores, bem como acerca das iniciativas para prevenir esta forma de violência e suas consequências. Este Grupo de Trabalho se propõe a compartilhar informações sobre as pesquisas sociológicas, empíricas e teóricas, sobre as configurações da violência de gênero, contextos em que ela ocorre, perfil das vítimas e agressores, políticas públicas de prevenção, dinâmicas implicadas nas formas de sanção e punição, debates normativos e atuações dos movimentos sociais.
GT19:Sociologia do Direito
Coordenação: Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro (UFMG), Fernando de Castro Fontainha (IESP-UERJ), Maria Gorete Marques de Jesus (UFSCar – Pesquisadora associada ao NEV/USP)
Descrição: O grupo tem como objetivo reunir pesquisas na temática das relações entre direito, justiça, sociedade e política, problematizando o papel do direito e das instituições de justiça nas sociedades contemporâneas, buscando contribuir para o fortalecimento do campo da Sociologia do Direito no Brasil. O debate do GT visa contemplar os desafios sociológicos em temas como (i) acesso à justiça, (ii) processos de formação e recrutamento das diversas carreiras jurídicas, (iii) a carreira, a trajetória e o desempenho dos operadores do direito e das elites jurídicas; (iv) desafios decorrentes de reivindicações do espaço jurídico por grupos sociais minoritários; (v) monopólio da produção do direito estatal, (vi) pluralismos jurídicos, sobretudo, o direito na visão dos subalternos, e experiências de justiça comunitária; (vii) investigação dos discursos jurídicos e dos processos decisórios dos tribunais, (viii) usos e mobilizações políticas do direito e (ix) as interfaces entre tecnologia e direito).
GT25:Violência Politica e Marcadores sociais da diferença
Coordenação: Janine Targino da Silva (UCAM – UERJ), Sara da Silva Freitas (UFRB), Leonardo Ostronoff (UFSC – Pesquisador associado ao NEV/USP)
Descrição: Este grupo de trabalho propõe abarcar estudos sobre violência política em interseção com marcadores sociais da diferença. De acordo com levantamento realizado no ano de 2024 pelo grupo de investigação eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (GIEL-UNIRIO), ocorreu o aumento de casos de violência política em comparação aos pleitos anteriores. Foram 334 no primeiro semestre de 2024, maior número se comparado na série histórica. A propaganda irregular e compra de votos e a disseminação de discursos de ódio e de fake news fazem parte desse processo de construção violenta da política. Assim, esse GT acolherá perspectivas interseccionais de estudos sobre os marcadores sociais da diferença – tais como raça/etnia, gênero, classe, sexualidade, religião, entre outros – em conexão com as análises sobre violência política na contemporaneidade.
Para saber mais sobre requisitos e normas de submissão de trabalhos, acesse o site oficial do evento: https://www.sbs2025.sbsociologia.com.br/atividade/hub/gts
Tema do evento: O Mundo Contemporâneo desafia a Sociologia
Um conjunto de novas e até há pouco inesperadas questões econômicas, políticas, sociais, culturais, ambientais e tecnológicas impõe-se no mundo social contemporâneo. Essas questões desafiam o conhecimento sociológico que veio se consolidando desde os dois últimos séculos.
Os usos da Inteligência Artificial, a vida subjetiva e coletiva organizada por meio de redes digitais, o aquecimento global e a piora da qualidade do ar, a elevação do nível dos oceanos, a fragilidade dos meios e instrumentos de proteção ambiental, a circulação de vírus antes desconhecidos colocando em risco a vida de milhares de seres humanos demandam rápidas respostas baseadas na ciência, justamente no momento em que o conhecimento científico é colocado sob suspeição.
Esse cenário contemporâneo é ainda agravado pelas ameaças das guerras que se valem de sofisticados recursos tecnológicos e reativam os riscos de conflitos nucleares. Na mesma direção, diferentes formas de violência e de crime organizado, corrompendo empresas e governos, tornam vulnerável a segurança mundial. Não menos importantes, a crise das democracias e a ascensão de ondas conservadoras trazem incertezas à convivência coletiva cotidiana, rompendo com padrões civilizatórios consolidados com a modernidade social e política.
Novas e crescentes desigualdades de vários tipos, em grande medida estimuladas pela desagregação das relações de trabalho e pela concentração dos meios de apropriação de bens materiais e simbólicos escassos, limitam drasticamente a possibilidade de uma vida digna a amplos grupos sociais. Além disso, formas contemporâneas de integração social, como o multiculturalismo e políticas de afirmação de gênero, sexualidade e de religião estão ameaçadas pelo extremismo político que passa a pautar novas formas de intolerância.
A velocidade com que esses problemas têm aparecido à cena pública e se disseminado pelos mais distintos territórios exige soluções e encaminhamentos rápidos e com profundo impacto. A grande tradição sociológica inspirada nos ideais racionalistas modernos, que demandam tempo de reflexão e maturidade intelectual, parece estar confrontada com tais acontecimentos.
Presentemente, é inegável reconhecer uma sorte de defasagem entre o tempo de evolução dos problemas e a capacidade do pensamento sociológico de compreendê-los e explicá-los. Os instrumentos conceituais e metodológicos, aperfeiçoados ao longo da história do pensamento sociológico, são ainda sólidos para decifrar os enigmas que se armam na contemporaneidade? Como inovar explicações sociológicas para o mal-estar contemporâneo que nos desafia de modo mais complexo?
O 22o. Congresso Brasileiro de Sociologia procura explorar essas inquietações. Visa reativar a imaginação sociológica, valorizando diálogos interdisciplinares e novos modos de construção de problemas sociológicos de investigação em diferentes escalas, bem como novas mediações entre o global e o local. Esse objetivo amplo será realizado por meio de alguns formatos tradicionais como conferências, simpósios, mesas-redondas, reuniões de comitês de pesquisa e grupos de trabalho, além de sessões especiais, como a dos Sociólogos do Futuro.
O Congresso também aponta para inovações em sua organização. Prevê-se a realização de sessões integradas entre Comitês de Pesquisa e Grupos de Trabalho, maior interação com as sociedades latino-americanas de sociologia e melhor comunicação das atividades em tempo real, mediante entrevistas, podcasts e fragmentos online de algumas sessões, como as conferências.