NEV na mídia | G1: Maioria dos estados que adota câmeras corporais nas polícias usa gravação ininterrupta, aponta levantamento da USP

27/05/2024

Daniel Edler, pesquisador associado ao Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), em entrevista ao G1, mencionou dados preliminares de um levantamento em andamento no Núcleo sobre o uso de câmeras corporais pela Polícia Militar do Estado de SP (PMESP). Ele também analisou as mudanças que o novo edital da PMESP […]

Daniel Edler, pesquisador associado ao Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), em entrevista ao G1, mencionou dados preliminares de um levantamento em andamento no Núcleo sobre o uso de câmeras corporais pela Polícia Militar do Estado de SP (PMESP). Ele também analisou as mudanças que o novo edital da PMESP traz para o projeto Olho Vivo no estado de São Paulo.

“Apesar de [São Paulo] não ter sido o primeiro estado a implementar as câmeras, foi o primeiro que conseguiu implementar a partir de um estudo de avaliação muito bem feito e muito bem detalhado. Se olhar para os dados de redução do uso da força, da força letal, por exemplo, caiu 57% em São Paulo. Se você olhar a redução de agressão, caiu 63% em São Paulo”, aponta Edler.

 

Link original: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/05/25/maioria-dos-estados-que-adota-cameras-corporais-nas-policias-usa-gravacao-ininterrupta-aponta-levantamento-da-usp.ghtml?UTM_SOURCE=whatsapp&UTM_MEDIUM=share-bar-app&UTM_CAMPAIGN=materias

 

Matéria na íntegra |

 

Maioria dos estados que adota câmeras corporais nas polícias usa gravação ininterrupta, aponta levantamento da USP

Novo edital lançado pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para compra de equipamentos em São Paulo prevê que o policial poderá escolher o que gravar. Governo Federal deve lançar diretrizes nacionais sobre o tema na próxima terça-feira (28).

Por Gabriel Croquer, Artur Nicoceli, Marina Pinhoni, g1

25/05/2024 05h01

A maioria dos estados que adota câmeras corporais na Polícia Militar determina a gravação ininterrupta das imagens nas fardas dos agentes, mostra levantamento do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) obtido com exclusividade pelo g1.

Na quarta-feira (22), o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) lançou um novo edital para aquisição equipamentos em São Paulo. O documento muda a forma de acionamento das câmeras, que deixa de ser ininterrupta para ser realizada de forma intencional pelo policial. Ou seja, o agente agora poderá escolher se grava ou não uma ocorrência.

A mudança foi criticada por entidades de segurança pública e direitos humanos, que apontam que a gravação de todo o turno tem garantido a redução da letalidade policial e do uso da força de forma indiscriminada durante abordagens, além de oferecer proteção jurídica e física aos próprios policiais.

Segundo o levantamento do NEV-USP — feito com informações colhidas por meio da Lei de Acesso à Informação, Diário Oficial e reportagens publicadas até esta sexta-feira (24) —, os seguintes estados adotam o modelo de gravação ininterrupta:

 

Nos estados do Ceará e Espírito Santo, as câmeras são utilizadas apenas pela Polícia Penal, e não pela PM.

Já em Santa Catarina e Rio Grande do Norte, a câmera é acionada apenas durante as ocorrências, assim como o novo modelo que será adotado em São Paulo.

Segundo o pesquisador do NEV-USP Daniel Edler, o modelo anterior de gravação ininterrupta adotado em São Paulo serviu como referência para diversos estados.

“Tem policiais do país inteiro indo para São Paulo. O próprio Ministério da Justiça, quando foi criar sua nota técnica sobre as câmeras corporais, se valeu muito da experiência de São Paulo. Acabou sendo talvez o maior caso de sucesso do Brasil, que virou de fato uma grande influência para as outras polícias.”

“Apesar de [São Paulo] não ter sido o primeiro estado a implementar as câmeras, foi o primeiro que conseguiu implementar a partir de um estudo de avaliação muito bem feito e muito bem detalhado. Se olhar para os dados de redução do uso da força, da força letal, por exemplo, caiu 57% em São Paulo. Se você olhar a redução de agressão, caiu 63% em São Paulo”, disse.

Os estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins ainda não têm sistema de câmeras corporais em funcionamento.

Ao g1, a Polícia Militar de Rondônia informou que utiliza câmeras individuais, mas não forneceu detalhes sobre a quantidade, modo de acionamento ou tipo de gravação feitos pelos equipamentos. O órgão informou que a “utilização está fixada em Procedimento Operacional Padrão, que é classificado como secreto”.