Nota do NEV/USP | Depois de seis anos e de uma Operação da Polícia Federal, o caso Marielle Franco e Anderson Gomes

28/03/2024

Após seis anos do assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, e de Anderson Gomes, motorista, somados no último dia 14 de março, noticiaram-se avanços no sentido de identificar os mandantes do crime. Segundo o inquérito da Polícia Federal, Marielle foi morta enquanto se opunha a conexões entre as milícias e o poder […]

Após seis anos do assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, e de Anderson Gomes, motorista, somados no último dia 14 de março, noticiaram-se avanços no sentido de identificar os mandantes do crime. Segundo o inquérito da Polícia Federal, Marielle foi morta enquanto se opunha a conexões entre as milícias e o poder público.

Desde o início, a condução das investigações do caso foi marcada por uma série de reviravoltas e desafios. As atuais apurações demonstram que essa desorientação fazia parte do planejamento da própria execução da vereadora, revelando uma extrema porosidade entre agentes do poder público e grupos milicianos no Rio de Janeiro. Há indícios de que a alta cúpula da Polícia Civil esteve envolvida no planejamento do crime, na obstrução da justiça – ignorando evidências e seguindo linhas de investigação equivocadas para prejudicar a elucidação do caso – e participando de uma rede criminosa que colocava o poder legislativo e órgãos de fiscalização a serviço dos interesses da produção imobiliária associada às milícias.

A prisão dos suspeitos de ordenar a execução de Marielle Franco e de Anderson parece ter trazido algum esclarecimento ao caso, mas também nos confronta com desafios significativos em relação às relações preocupantes entre membros do poder público e grupos milicianos/criminosos.

Garantir instituições democráticas comprometidas com o interesse público é fundamental para preservar a legitimidade desses órgãos. As investigações sobre esses casos precisam prosseguir, visando identificar e desmantelar os grupos criminosos infiltrados no Estado, especialmente nas polícias e na política. Essas ações não apenas fortalecem a integridade das instituições democráticas, mas também reafirmam o compromisso com a justiça, a transparência e a segurança da população. A garantia de que as instituições públicas atuem em prol do bem-estar coletivo é essencial para manter a confiança dos cidadãos na democracia e na efetividade do Estado de Direito.