Tese sobre monitoramento eletrônico ganha prêmio

17/12/2020

A tese “Faces e interfaces de um dispositivo tecnopenal: o monitoramento eletrônico de presos e presas no Brasil”, elaborada pelo sociólogo Ricardo Urquizas Campello, ganhou o Prêmio ANPOCS de Teses Região Sudeste. O trabalho foi orientado por Marcos César Alvarez, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, e analisa os elementos técnicos, políticos, […]

A tese “Faces e interfaces de um dispositivo tecnopenal: o monitoramento eletrônico de presos e presas no Brasil”, elaborada pelo sociólogo Ricardo Urquizas Campello, ganhou o Prêmio ANPOCS de Teses Região Sudeste. O trabalho foi orientado por Marcos César Alvarez, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, e analisa os elementos técnicos, políticos, epistemológicos e subjetivos que constituem os dispositivos de monitoramento eletrônico de presos e presas no Brasil.

Em vídeo para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Campello explica que a sua tese acaba desmistificando dois pontos: o primeiro, amplamente divulgado pela mídia, que as tornozeleiras eletrônicas são vinculados aos crimes de colarinho branco. “O que meu trabalho está mostrando é que a aplicação disseminada desse dispositivo tem se dado principalmente sobre as populações tradicionalmente capturadas pelo sistema penal”, explica o sociólogo.

O segundo ponto que o trabalho desmistifica é que estes equipamentos são uma alternativa a prisão:
“O que a tese mostra é que na prática, essas tornozeleiras, esses dispositivos de controle em meio aberto, estão funcionando de uma maneira complementar ao cárcere, ampliando e redimensionando as formas de controle punitiva e extrapolando os controles penais pra além dos muros prisionais”.

Campello também alerta que no contexto brasileiro, estas novas formas de controle eletrônico “se acoplam as tradicionais práticas de encarceramento e as já tradicionais práticas de violência e de tortura”.