Nota de pesar pelo falecimento de Dalmo Dallari no último dia 8

14/04/2022

“…com o andamento da sociedade, com as entidades comunitárias, podemos avançar sem dúvida alguma, e é indispensável para nós que já estamos convencidos de que os direitos humanos são exigência da Justiça, exigência da dignidade humana. Mantenhamos o nosso otimismo, nossa coragem, nossa disposição de luta, porque estamos avançando, e com a nossa determinação esse avanço será ainda mais rápido.”

(DALLARI, Dalmo de Abreu. As dificuldades para a implementação dos direitos humanos. Direitos humanos no século XXI: cenários de tensão. Rio de Janeiro: Forense Universitária, p. 186-199, 2009)

 

 

 

 

 

 

 

Na última sexta-feira, dia 8 de abril de 2022, faleceu Dalmo de Abreu Dallari, intelectual que atuou ativamente na resistência ao Regime Militar, na ampla promoção dos Direitos Humanos e na formação de gerações de juristas. Foi professor emérito e ex diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde concluiu o bacharelado em 1953. Ministrou cursos de Teoria Geral do Estado, Direitos Humanos e Democracia, possuindo inúmeras publicações sobre esses temas, com destaque para a obra “Elementos de Teoria Geral do Estado”, com 33 edições. Em sua trajetória pública e acadêmica, destaca-se o incansável compromisso com a Democracia e com os Direitos Humanos, que considerava indissociáveis. Em 1972, a convite de Dom Paulo Evaristo Arns, contribuiu para a fundação da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, ao trabalhar ativamente para denunciar as graves violações de direitos perpetradas pelo governo. Foi também perseguido, detido e sofreu violências de Estado no período. Como advogado, atuou na defesa dos direitos fundamentais de diversos presos políticos, sindicatos, comunidades populares e povos indígenas, como os Guarani do Rio Silveira (Bertioga-SP). No final da década de 1980, período de transição política, foi convidado por Ulisses Guimarães para integrar o processo de elaboração da constituição de 1988, em que propôs meios para ampliar a participação popular, além dos direitos fundamentais de autonomia e acesso à terra dos povos indígenas .

O Núcleo de Estudos da Violência lamenta essa grande perda, manifesta condolências aos familiares e reafirma o respeito e admiração ao professor Dallari, cuja atuação inspirou inúmeras pessoas a lutar por uma sociedade mais justa, igualitária e humana.