NEV na mídia | Monitor da Violência: Estado de SP tem 15 veículos roubados ou furtados por hora em 2023
15/08/2023
O Monitor da Violência, projeto em parceria do portal G1 com o Núcleo de Estudos da violência da USP (NEV/USP) e o Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP), lançou um levantamento sobre registros de roubos e furtos de veículos durante o primeiro semestre de 2023. A matéria ainda conta com a entrevista de Leonardo Ostronoff, […]
O Monitor da Violência, projeto em parceria do portal G1 com o Núcleo de Estudos da violência da USP (NEV/USP) e o Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP), lançou um levantamento sobre registros de roubos e furtos de veículos durante o primeiro semestre de 2023.
A matéria ainda conta com a entrevista de Leonardo Ostronoff, pesquisador associado do Núcleo, que aponta: “As políticas de segurança pública do período tiveram impacto. Tem mais programas de identificação de placas de veículos, mais câmeras em vias, mais investimento em inteligência, novas legislações”.
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Mapa exclusivo: 7 a cada 10 roubos e furtos de veículos estão na Região Metropolitana de SP; pesquise sua rua – Clique aqui (link).
Tatuapé lidera registros de roubos e furtos de veículos na cidade de SP no 1º semestre de 2023; consulte sua rua em mapa exclusivo – Clique aqui (link).
Matéria na Íntegra
O estado de São Paulo registrou mais de 65 mil ocorrências de roubos e furtos de veículos no primeiro semestre de 2023, o que representa 15 casos a cada hora, em média.
É o que aponta um levantamento exclusivo do Monitor da Violência do g1, em conjunto com o Fantástico, feito com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado. A análise considera todos os tipos de veículos: carros, motos, caminhonetes, caminhões etc.
Reportagem do Fantástico deste domingo (13) vai mostrar flagras de desmanches e outros dados do levantamento. O g1 também publicará um mapa interativo em que é possível consultar os casos por rua das cidades da Região Metropolitana.
Os dados mostram que:
- Foram registradas 65,8 mil ocorrências de roubos e furtos de veículos no estado de São Paulo no primeiro semestre deste ano.
- Este número é 3% mais alto que o registrado no mesmo período de 2022 – algo que deve ser visto como um ponto de atenção segundo os especialistas, pois pode indicar que o mercado de roubo de veículos e de venda de peças roubadas está aquecido.
- Mas, ao mesmo tempo, é mais baixo que o patamar pré-pandemia – em 2019, foram quase 69 mil casos.
- O total de veículos recuperados pela polícia também aumentou no primeiro semestre deste ano em relação a 2022: passou de 20,5 mil para 23 mil. Mas caiu na comparação com 2019, quando 29 mil foram recuperados.
- O número de recuperados em 2023 representa apenas o equivalente a um terço do total de veículos roubados e furtados no período.
Este levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da violência da USP (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP).
Diminuição da violência nos últimos dez anos
Os números ainda mostram que houve uma queda significativa nos roubos e furtos de veículos no estado de São Paulo nos últimos dez anos, como é possível ver no gráfico abaixo.
- Em 2014, por exemplo, o estado teve mais de 116 mil casos no primeiro semestre do ano, quase o dobro do número registrado agora, em 2023.
- Os indicadores criminais foram caindo gradativamente nos anos seguintes – até atingiram os patamares mais baixos do período durante a pandemia da Covid-19, em 2020 e em 2021.
Segundo o sociólogo Leonardo Ostronoff, pesquisador do Núcleo de Estudos de Violência da USP (NEV-USP), há diversos fatores por trás da diminuição da criminalidade nestes últimos dez anos.
- Políticas públicas: “As políticas de segurança pública do período tiveram impacto. Tem mais programas de identificação de placas de veículos, mais câmeras em vias, mais investimento em inteligência, novas legislações”, diz.
- Melhora da tecnologia de segurança: “Houve também um investimento em tecnologia e em monitoramento muito forte de segurança privada, das próprias seguradoras de veículos. Melhores sistemas de alarme e de rastreamento. Essas tecnologias vão inibindo o crime e melhorando [a segurança].”
O pesquisador ainda aponta que a queda durante a pandemia era previsível. Esta redução, inclusive, aconteceu de forma geral em diversos indicadores criminais – principalmente por conta da diminuição da circulação de pessoas nas ruas por conta das medidas de isolamento social.
“É natural ter um aumento dos crimes [no pós-pandemia]. Roubo e furto de veículos são crimes patrimoniais, e esse tipo de crime está relacionado à circulação de pessoas e de mercadorias. Quando volta a ter circulação, é normal que tenha um aumento desses crimes relacionados a veículos e celulares, por exemplo”, diz Ostronoff.
Em março, um levantamento do Monitor da Violência mostrou como a pandemia afetou os registros de furtos e roubos de celulares da cidade de São Paulo. Veja a reportagem completa aqui.
“Esse cenário atual, [propício para o aquecimento do crime], com a frota de veículos envelhecida, não tende a mudar tão rápido. Para chegar em um nível de consumo de carro zero, leva tempo”, alerta Ostronoff.
E é por isso que, segundo Alcadipani, o aumento de casos representa “um sinal amarelo”.
“Nossas autoridades precisam estar atentas para isso, porque o furto e o roubo de veículo tem toda uma economia do crime que está relacionado com ele. (…) É uma coisa muito séria, muito perigosa.”
Veículos recuperados
Outro sinal amarelo dos dados é a quantidade de veículos recuperados pela polícia. O total no primeiro semestre foi de 23.060, o que representa cerca de um terço (35%) do total furtado ou roubado.
O valor é maior que o observado no primeiro semestre de 2022 (20.493), mas 21% menor do que os 29.098 veículos que haviam sido recuperados em 2019, antes da pandemia.