Série de debates internacionais “Violência, tecnologia e direito” começa dia 15 de setembro

31/08/2022

O NEV realiza no mês de setembro, em parceria com a University of the Arts London (UAL), uma série de três debates bilíngue (português e inglês) intitulada “Violência, Tecnologia e Direito”. Os eventos serão transmitidos pelo canal do NEV no Youtube, nos dias 15, 22 e 29 de setembro, às 14h. Read this in English […]

O NEV realiza no mês de setembro, em parceria com a University of the Arts London (UAL), uma série de três debates bilíngue (português e inglês) intitulada “Violência, Tecnologia e Direito”. Os eventos serão transmitidos pelo canal do NEV no Youtube, nos dias 15, 22 e 29 de setembro, às 14h.

Read this in English | Leia em inglês

O painel de estreia tratará do tema “Violência, tecnologia e direito: conceitos e problemas, contando com as painelistas Lucy Suchman (Lancaster University) e Natalie Byfield (St. John’s University), sob a moderação de Andrés Saenz de Sicilia (University of the Arts London). O segundo painel tem como tema “Os riscos das tecnologias de vigilância e controle baseadas em inteligência artificial”. O terceiro e último tratará da “Análise de Vídeo de Violência”, abordando situações conduzidas pela polícia, por cidadãos e em tribunais. A iniciativa da organização do evento é de Alcides Eduardo Peron, do NEV, com a Coordenação de Marcos César Alvarez, de Fabio Ferraz de Almeida (University of Jyväskylä) e de Andrés Saenz de Sicilia.

Programação completa: Violência, tecnologia e direito (Violence, technology and law)

Read this in English | Leia em inglês

Quais são as relações entre tecnologia e violência? Existe uma ideia geral de violência? Algumas tecnologias podem produzir a violência? Os sistemas de vigilância e monitoramento no Norte e Sul Global podem ser os dínamos das atuais formas de agressão? Quais são os limites? Como regular isso?

O evento tem como objetivo fomentar a troca de conhecimento transdisciplinar e a criação sobre os temas violência, tecnologia, direito e sociedade. O aumento do uso de tecnologias de segurança e vigilância está remodelando a forma como a violência é produzida e regulada no espaço urbano e, portanto, como os indivíduos habitam esse espaço. Uma característica distintiva desse novo paradigma é seu desenvolvimento e aplicação transnacionais simultâneos, em vez de um fluxo linear ou hierárquico de tecnologias e práticas de segurança de certas nações ou regiões para outras.

Esses desenvolvimentos ainda precisam ser sistematicamente questionados e demandam novos arcabouços teóricos e jurídicos. Em particular, os conceitos e abordagens existentes, como o efeito bumerangue, a laboratorização das cidades do terceiro mundo e a prevalência do nacionalismo metodológico, parecem inadequados às problemáticas que essas novas realidades geram para pesquisadores, formuladores de políticas e grupos da sociedade civil que visam enfrentar a violência social. Ao reunir pesquisadores de direito, sociologia e filosofia, abordaremos esse déficit, compartilhando insights que permitirão o desenvolvimento de uma agenda transdisciplinar inovadora para pesquisas futuras.

15/09, 14h | Painel 1: Violência, tecnologia e direito: conceitos e problemas (Violence, technology and law: concepts and problems)

Como desenvolver um quadro teórico de análise adequado ao caráter complexo e interconectado da violência, da tecnologia e do direito hoje? Quais conceitos básicos e definem este programa de pesquisa como é praticado por estudiosos e ativistas de problemas que tentam intervir no presente? Este painel explorará essas questões, bem como examinará como projetos como a campanha para banir armas autônomas letais conceituam a violência no decorrer de seu trabalho.

Participantes:

Lucy Suchman

A pesquisa de Lucy Suchman trabalha nas interseções da antropologia e do campo dos estudos feministas de ciência e tecnologia, com foco em imaginários culturais e práticas materiais de design de tecnologia. Sua pesquisa atual estende meu compromisso crítico de longa data com os campos de inteligência artificial e interação humano-computador para o domínio do militarismo contemporâneo. Ela se preocupa com a questão de quais corpos são incorporados aos sistemas militares, como e com quais consequências para a justiça social e a possibilidade de um mundo menos violento.

Natalie Byfield

A Dra. Natalie Byfield é professora do Departamento de Sociologia e Antropologia da St. John’s University em Queens. Lecionou nas áreas de sociologia e comunicação. Sua pesquisa geral se concentra no papel da linguagem na sociedade e como os poderosos e aqueles com menos influência usam a linguagem para moldar seu mundo. Sua pesquisa explora a mídia na sociedade, estudos culturais, teoria social e a natureza co-determinada da raça, gênero e formações de classe. Ela passou quase uma década trabalhando como jornalista na cidade de Nova York. Seu trabalho apareceu no New York Daily News, Time Magazine, The American Lawyer, New York Law Journal e New York Woman. A Dra. Byfield publicou recentemente seu livro Race, Media & the Central Park Jogger Story (Temple University Press, 2014).

Moderador: Andrés Saenz de Sicilia é Professor Associado na Central Saint Martins, University of the Arts London. Sua escrita está amplamente preocupada com as relações entre formas conceituais, sociais e estéticas e apareceu em Radical Philosophy, Language Sciences, European Journal of Social Theory, bem como nos Sage Handbooks of Marxism e Frankfurt School Critical Theory. Ele está atualmente trabalhando em um projeto que explora a violência e o capitalismo.



22/09, 14h |
Painel 2:
Riscos das tecnologias de vigilância e preditivas
(The risks of AI-based surveillance and control technologies)

No espectro de novos sistemas baseados em inteligência artificial, tecnologias de vigilância e monitoramento foram implantadas globalmente. Consequentemente, os sistemas de Policiamento Preditivo, Reconhecimento Facial, Classificação de Risco, entre outros, tornaram-se alvo de inúmeras críticas, pois possuem um enorme potencial de reprodução de preconceitos e discriminação. Este painel explora como eles têm sido usados no Brasil e investiga os riscos e limites associados a eles.

Participantes:

Letícia Simões-Gomes

Doutoranda pelo Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP). É Mestre em Sociologia pelo mesmo departamento e bacharela em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo. Trabalhou na área de Ciências Humanas, Ciência Política e Políticas Públicas. Atualmente sua pesquisa se situa entre a Sociologia da Violência e a Sociologia das Relações Raciais, com o tema de tecnologias de policiamento preditivo em contextos de desigualdade racial.

Johanna Monagreda

Doutora e Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais. Fez Licenciatura em Ciência Política e Administrativa na Universidad Central de Venezuela. É pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher NEPEM/UFMG, e autora da tese: “El Estado no nos ha regalado nada: Processos de institucionalização das demandas dos movimentos afrodescendentes em Brasil, Venezuela e Equador”. Ao longo da sua trajetória profissional atuou em importantes pesquisas na área de direitos humanos, políticas de igualdade racial e políticas para mulheres na América Latina.

Daniel Edler Duarte

Pesquisador de pós-doutorado FAPESP no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP). Anteriormente, foi pesquisador CAPES/Pró-Defesa na Escola de Guerra Naval (EGN). Completou o PhD em Politics and International Studies no Department of War Studies, King’s College London (KCL). Daniel também foi professor e pesquisador assistente no Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV) e coordenador de projetos da Fundação Konrad Adenauer (KAS-Brasil). Sua pesquisa atual aborda a produção e o uso de novas tecnologias de segurança, com foco na implementação de dispositivos de vigilância biométrica e no desenvolvimento de sistemas de policiamento preditivo.

Moderador: Alcides Eduardo R. Peron é Pesquisador associado ao NEV. É graduado em Relações Internacionais (2006), em Ciências Econômicas (2007) pela Facamp. É mestre (2011) e doutor (2016) em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foi pesquisador visitante do Departamento de Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia da Lancaster University (Inglaterra), e pesquisador visitante do War Studies Department do King’s College London, Reino Unido.

29/09, 14h | Painel 3: Análise de Vídeo de Violência: polícia, cidadãos e tribunais
(Video Analysis of Violence: police, citizens and courtrooms)

A crescente disponibilidade de dispositivos para gravação de vídeos (por exemplo, câmeras corporais, telefones celulares, etc.) tem gerado implicações profundas no trabalho policial e na percepção das pessoas sobre violência. Ao capturar potenciais episódios de violência em encontros entre policiais e cidadãos, essas gravações também impactam o trabalho dos profissionais do direito, que envolve a (re)interpretação de material de vídeo como prova nos tribunais. Para este painel, apresentamos uma série de pesquisas que abordam essas questões nos contextos do Brasil e dos EUA.

Participantes:

Geoffrey Raymond é professor de Sociologia na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara. Seus interesses de pesquisa incluem análise da conversa, o papel da fala-em-interacão na organização das instituições e métodos qualitativos de pesquisa. Ele é co-investigador principal (com Nikki Jones) no projeto “Talking Justice: Identifying Interactional Mechanisms to Improve the Quality of Police-Civilian Encounters”. Publicou sua pesquisa em periódicos como American Sociological Review, Social Psychology Quarterly, and Language in Society, dentre outros.

Kevin Whitehead é professor associado da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara. Seus principais interesses de pesquisa têm sido na interseção entre interações sociais e raça/racismo. Ele tem trabalhado em colaboração com colegas em grupos multidisciplinares e multi-métodos em várias instituições nos Estados Unidos, no Canadá e na África do Sul em estudos focados em avançar a pesquisa e a teoria em conflitos e violência em contextos de conversas mundanas e em interações policiais.

Brett Bowman é professor no Departamento de Psicologia da Universidade de Witwatersrand na África do Sul. Sua pesquisa tem sido nas interseções entre violência e assimetrias sociais em países de baixa e média renda. Sua pesquisa atual examina como os riscos de violência se traduzem em suas práticas.

Amanda Velasco é doutora em Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Tem experiência como pesquisadora na área de Linguística, com ênfase nos estudos da fala-em-interação e da multimodalidade. Apresenta especial interesse pela comunicação em contextos policiais.

Maria do Carmo Oliveira é professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Atua na área de Linguística Aplicada, e Análise do Discurso, sendo seus interesses de pesquisa a interação em contextos institucionais; a linguagem e as práticas profissionais, nos cenários empresarial, educacional, jurídico, político e da mídia; a comunicação nas organizações pós-burocráticas, face, identidade e (im)polidez em interações face a face e mediada pela tecnologia; o trabalho no mundo globalizado.

Vicente Riccio é professor associado da Universidade Federal de Juiz de Fora. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Direito, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, justiça, segurança pública, mídia e direito. Além de atuar como pesquisador e professor universitário, também trabalha como consultor de projetos. Já participou de projetos junto ao Ministério da Justiça, Ministério da Educação, Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, dentre outros.

Moderador: Fabio Ferraz de Almeida é pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Estudos de Linguagem e Comunicação na Universidade de Jyväskylä, Finlândia. Atualmente, trabalha no projeto “Negotiating International Criminal Law: A courtroom ethnography of trial performance at the International Criminal Court”’, financiado pela Academy of Finland. Em sua pesquisa, faz uso da análise da conversa e da etnometodologia para estudar a fala-em-interação em contextos policiais e judiciais. Tem experiência em conduzir pesquisas em instituições do sistema de justiça no Brasil e no Reino Unido.