Homenagem do NEV/USP a Kabengele Munanga pelo título de Professor Emérito na FFLCH/USP

05/06/2023

O Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) celebra o título de Professor Emérito concedido pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP) ao Prof. Dr. Kabengele Munanga, antropólogo, no último dia 2 de junho de 2023. Nascido no Congo, foi professor efetivo da Universidade de São Paulo (1980 – 2012), onde se aposentou como professor titular. Durante sua carreira afirmou uma “antropologia engajada”, trazendo contribuições fundamentais na área de Antropologia e de Estudos Africanos, tendo se tornado uma referência para as e os estudiosos nas questões de negritude.

Munanga cursou sua graduação em Antropologia na Universidade Oficial do Congo, onde foi professor assistente. Conseguiu uma bolsa para estudar na Universidade Católica de Louvain, Bélgica. O financiamento foi cortado pelo governo congolês, na época, uma ditadura militar à qual Kabengele e sua família se opunham. A convite do Prof. Fernando Mourão (USP) veio ao Brasil, onde terminou seu doutorado, defendido na FFLCH-USP. Foi professor visitante e associado em diversas instituições, como a Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1977), UFRN (1979-1980), Universidade de Montreal (2005-2010), Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique, 1999) e recentemente na UFRB, Bahia.

Defensor fervoroso das cotas raciais, introduziu a questão racial nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais. São de sua autoria mais de 150 publicações, entre livros, capítulos de livros e artigos científicos, destacando-se a obra “Estratégias e Políticas de Combate à Discriminação Racial” (1996), que teve duas edições. Em reconhecimento ao seu engajamento no combate ao racismo e obra intelectual, recebeu diversas honrarias, destacando-se a Comenda da Ordem do Mérito Cultural pela Presidência Federativa do Brasil (2002).

Prof. Dr. Kabengele é lembrado pelo carinho dedicado aos alunos em sala de aula, gesto com o qual contribuiu para formação de cientistas sociais mais engajados na defesa dos direitos humanos e na luta contra o racismo na sociedade brasileira.

Texto: Leonardo Ostronoff, com contribuições de Veridiana Campos e revisão de Sérgio Adorno e Marcos César Alvarez

Foto: Pedro Seno