NEV na mídia | O Assunto – G1: Reconhecimento facial – o uso na segurança pública

15/02/2024

Daniel Edler, pesquisador de pós-doutorado do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), foi um dos entrevistados no episódio #1.150 do podcast “O Assunto”, produzido pelo G1, a respeito do uso de reconhecimento facial para identificar foragidos da Justiça nos dias de Carnaval, em cidades como Recife, Olinda, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador.

“Em relação às pesquisas, é muito comum no campo da segurança pública começarmos a fazer muitos investimentos sem termos de fato o conhecimento bem sedimentado e bem construído sobre as evidências. No caso do reconhecimento facial, isso é flagrante, temos poucos estudos; é muito difícil realizar essas pesquisas com a Polícia, porque geralmente a implementação é feita sem transparência e sem diálogo, sem chamar órgãos externos de controle para pensar em formas de regulação. Então estamos em um voo cego, fazendo investimentos bilionários sem saber, de fato, se isso reduz a criminalidade”, avalia Edler.

O pós-doutorando também explicou termos atualmente muito usados para problematizar o uso das tecnologias de vigilância, entre eles o “racismo algorítmico”, e detalhou algumas questões implicadas no uso desse tipo de tecnologia. Uma delas é a dificuldade de implementação de controle externo para as instituições policiais, para avaliar e contribuir para a correta regulamentação de uso dessas imagens, que em grande maioria, dizem respeito a situações corriqueiras e não violentas do cotidiano.

 

Chamada do programa:

“Recife, Olinda, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador estão entre as cidades que usaram a tecnologia que alia câmeras, inteligência artificial e um enorme banco de imagens para identificar e capturar foragidos da Justiça durante o Carnaval. A capital baiana adotou o reconhecimento facial nos dias de folia pela primeira vez em 2019, quando a polícia conseguiu identificar e capturar um foragido – fantasiado com roupa de mulher – em meio à multidão com o auxílio da tecnologia. Em 2024, o resultado nas cidades não foi promissor: além do baixo índice de capturas, os sistemas cometem erros e levam à prisão de inocentes. No centro da crítica ao uso do reconhecimento facial pelas polícias estão a invasão da privacidade de cidadãos livres e o risco de abordagem racista das imagens. Para descrever como a tecnologia funciona, Natuza Nery ouve João Paulo Papa, professor do departamento de computação da Unesp e pesquisador do Recogna, laboratório de pesquisas sobre inteligência artificial. Ainda neste episódio, Daniel Edler, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e um dos organizadores do livro “Tecnologia, segurança e direitos: os usos e riscos de sistemas de reconhecimento facial no brasil”, debate as aplicações e os desafios éticos e aplicados da ferramenta.”

O podcast está disponível em um grande número de plataformas de podcast, assim como no aplicativo Globoplay e no portal G1.

Link do portal: https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2024/02/15/o-assunto-1150-reconhecimento-facial-o-uso-na-seguranca-publica.ghtml